Representante do design contemporâneo no Brasil, Jacqueline Terpins há mais de duas décadas se destaca por suas linhas de móveis e adornos em vidro e cristal
Nascida na Paraíba, criada no Rio de Janeiro e radicada em São Paulo desde 1973, a artista Jacqueline Terpins construiu, ao longo de anos uma carreira sólida e hoje é uma das figuras de destaque do design contemporâneo brasileiro.
O vidro e cristal fazem parte de seu trabalho criativo desde o começo de sua vida profissional e são responsáveis pela sua trajetória de sucesso no mercado nacional.
Jacqueline Terpins formou-se em Comunicação Visual na Escola de Belas Artes da UFRJ e se rendeu às possibilidades do vidro após assistir a um documentário tcheco sobre fábrica de vidro soprado, por indicação do renomado pintor e desenhista brasileiro Ivan Serpa.
Em São Paulo, estudou com Pierre Frisch, que é especialista no assunto, e deu sequência a sua especialização na arte de lidar e entender o vidro nos Estados Unidos. Lá, Terpins estudou a técnica de sopro em vidro na Penland School of Art and Craft, seguindo os ensinamentos de Stephen Dee Edwards, e de Diana Hobson na Pilchuck Glass School de Seatle, profissionais conhecidos internacionalmente, e desenho na Byam Shaw School of Painting and Drawing (Inglaterra).
Designer e artista plástica, ela possui uma linha de objetos em cristal soprado e mobiliário em vidro plano, madeira e uma linha de estofados.
Como artista plástica, participou de várias exposições coletivas e individuais. Desenvolveu peças de mobiliário para a Móveis Tepermam, assim como uma linha de objetos funcionais em aço inox e prata para a Indústria Riva, Brasil, e uma linha de frascos de perfume para a indústria Verreries Brosse, França.
A extensa obra da artista pode ser encontrada no Estúdio Jacqueline Terpins, que distribui suas peças para todo o Brasil, Los Angeles e Nova York. O espaço, um loft dos anos 50 aberto ao público, localizado no Pacaembu, foi revitalizado em 2001, pelo arquiteto Felipe Crescenti.
Movelaria em vidro e madeira
Com uma impressionante capacidade de investigar as múltiplas possibilidades de cada material, Jacqueline Terpins diz querer usar “sua liberdade de criação para pesquisar várias matérias-primas e suas diferentes formas de expressão. Quero voltar meu olhar para outros materiais sem nenhuma restrição”. E acrescenta: “Jamais vou abandonar o vidro, pois a construção de minha carreira foi baseada na pesquisa e observação da sua incandescência, fluidez e transparência”.
Com o intuito de apresentar novidades em design contemporâneo, mas com material diversificado, Jacqueline pôs em prática uma experiência que já havia desenvolvido na década de 1990, quando foram criadas peças de madeira para a indústria de móveis. Agora, em projeto próprio, a madeira assume papel de destaque em alguns de seus trabalhos.
Um dos mobiliários desenvolvidos é a chaise longue Copacabana e a cama Cosmos com criados-mudos.
De acordo com a artista, o calor possibilita alterar a forma da matéria-prima de maneira inovadora. “Fico fascinada com os efeitos alcançados, tanto com o vidro como com a madeira. A novidade é que só agora eu coloquei a madeira como destaque de uma linha em escala nacional e distribuição para mais de 20 estados do Brasil”, comenta.
De acordo com Jacqueline, as potencialidades do vidro também são exploradas de diversas formas e lançadas em novas linhas de móveis. A relação desse material com a luz e propostas diferenciadas são um diferencial na criação.
Os jogos de placas simétricas de vidro, paralelas ou perpendiculares entre si, compõem bases de mesas de jantar, de mesas laterais e de aparadores, emprestando-lhes um toque art déco. “Dependendo do ângulo de visão, a base desaparece ou organiza-se em formas geométricas, como feixes de luz”, frisa a artista.
As diferentes cores de vidro ampliam as possibilidades de escolha e de integração dos móveis ao ambiente, ao mesmo tempo em que destaca o design reto das peças. “Gosto da transparência do vidro pela sensação de leveza que transmite ao móvel. A cor agrega vida e, por vezes, humor ao ambiente”, destaca.
A geometria e a lei da gravidade também são ressaltados. Os tampos de mesas centrais e laterais, de escrivaninhas e de aparadores, sustentados em apenas dois pontos estratégicos, são resultados de um cuidadoso estudo de design. “Queria desenhar peças com o menor número possível de sobreposições, para valorizar o traçado”, diz.
Cristal soprado
Jacqueline Terpins compartilha com os consumidores e, também, espectadores, o fascínio que tem pelo movimento do cristal soprado. As formas inatas, seja através da fusão das cores ou pela transparência, é um marco em suas peças.
Vasos, centros, pesos de papel e outros fazem parte de uma das suas coleções de formas orgânicas e utilitárias.
A artista cria camadas por meio de mergulhos intermitentes da massa vítrea colhida do forno, em uma sobreposição surpreendente de cores. O resultado estético desse conceito se expressa na fluidez das formas de uma peça já ‘solidificada’.
De acordo com a designer, o vidro tem uma tradição que mal engatinha no Brasil, quando comparado com a tradição europeia. A nova coleção de objetos em cristal soprado criada por Jacqueline usou a infraestrutura da Cristais Cá D’oro, que possibilitou uma técnica rara de se encontrar no Brasil: são vários fornos pequenos de fusão de cristal colorido, e um grande forno adjacente de cristal translúcido. A Cá D’oro traz consigo a herança veneziana da família Seguso.
Fonte Comunidade VIP